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A Páscoa (e outras celebrações) do olhar de um estrangeiro no Brasil
- abril 2, 2024
- Posted by: Lisandro Jardim
- Category: Curiosidades Espanhol Intercâmbio
Começa o mês de março e os supermercados já montaram suas pérgolas com ovos de chocolate que penduram sob os clientes, criando a sensação de estar passando por um túnel colorido de fantasia e deleite. Outras lojas enfeitam suas vitrines com coelhos e estampas de cores pastel para ressaltar os descontos de temporada. Quem tem crianças (incluindo a criança interior), com certeza já parou para considerar qual marca e sabor de ovo vai comprar este ano, pois é uma tradição que todos levam nas suas memórias desde a infância. Assim a páscoa chegou.
Mas para mim, um costa riquenho radicado no Brasil desde o ano 2015 (ano em que comecei trabalhar na Wort idiomas como professor), já de adulto e com as raízes formadas dentro de um país tradicionalmente católico, a relação entre Páscoa – Coelho – Ovo – Chocolate, resulta bem alienígena e definitivamente não causa o mesma nostalgia que, acredito, seja a que impulsiona aos brasileiros a sentirem esse apetite urgente por chocolate moldado no formato de um ovo gigante.
Na Costa Rica, a Páscoa (comumente chamada “semana santa”) sempre foi celebrada segundo a visão da igreja católica: Crucifixão e ressurreição de Cristo. Lembro-me de ver nas escolas e praças dos povos, apresentações dos alunos fantasiados de soldados romanos seguindo um menino de barba falsa, com tinta vermelha escorrendo da testa e carregando uma cruz de papelão nas costas para acabar daquele jeito que vocês sabem (não apropriado para menores). Em paralelo se servem pratos tradicionais produzidos com frutos da temporada e outras receitas alternativas para obedecer à crença de que durante este período do ano não se deve comer carne vermelha. Tão forte é a tradição que até o McFish faz sua ressurreição nos menús de McDonald ‘s.
Mesmo que você seja devoto da igreja católica ou não, a celebração da Páscoa na Costa Rica era inculcada da mesma maneira e não existia referência nenhuma do coelho que escondesse ovos para as crianças procurarem. Mas os tempos têm mudado e inclusive hoje a pequena Costa Rica não está isenta do mercado impulsionado por tradições europeias. Embora não tenha a mesma presença que aqui no Brasil, quem quiser presentear um ovo de chocolate, pode escolher dentre uma seleção bem mais modesta.
Costa Rica tem cerca de 5 milhões de habitantes e a diversidade cultural não é nem de perto tão vasta como a do Brasil com seus mais de 200 milhões de habitantes. A pesquisa Datafolha publicada pelo jornal “Folha de S.Paulo” em 2020, aponta que 50% dos brasileiros são católicos, o que deixa uma população ainda 20 vezes maior do que a do meu país, sem acompanhar as encenações da crucifixão de Jesus durante a Páscoa. Mas a data comemorativa é federal, para católicos e não católicos. Então o comércio aproveita para ressignificar a celebração, de forma que todos possam se sentir incluídos, sem distinção de credo ou poder adquisitivo (a faixa de preços varia desde os R$3 o pirulito até mais de R$200). Ainda mais fascinante é o mesmo fenômeno replicado durante o Natal. Você pode não acreditar no menino Jesus, mas o Papai Noel está lá no shopping, pronto para receber todas as crianças. Mas o que realmente me fascina como estrangeiro é o poder do mercado para copiar e colar simbolismos, mesmo não cabendo dentro do contexto geográfico do Brasil, e convencer o pessoal que está tudo normal. O coelho e o ovo são símbolos da primavera, representam o nascimento e tem sua origem no paganismo europeu. Aqui no Brasil estamos entrando no outono! E o Papai Noel com seu inconfundível agasalho para neve no melhor do verão tropical.
Esta é apenas uma inocente reflexão, uma observação natural de quem vem de uma cultura diferente na qual a globalização apenas está começando substituir nossas comemorações coloniais com comemorações comerciais.
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